Informações para o cultivo de Cana
A Cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma cultura semi-perene pertencente à família Poaceae (Gramineae).
Fatores importante no cultivo da cana
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A cana-de-açúcar perfilha de maneira abundante, na fase inicial do desenvolvimento. Quando se estabelece como cultura, o auto sombreamento induz inibição do perfilhamento e aceleração do colmo principal.
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O crescimento em altura continua até que haja a ocorrência de algum estresse, seja por limitação no suprimento de água, ocorrência de baixas temperaturas ou florescimento, sendo este último um processo indesejável em cultivos comerciais
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As características varietais definem o número de colmos por planta, a altura e o diâmetro do colmo e a arquitetura da parte aérea, sendo a expressão destes caracteres muito influenciados pelo clima, pelo manejo e pelas práticas culturais utilizadas.
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As características varietais definem o número de colmos por planta, a altura e o diâmetro do colmo e a arquitetura da parte aérea, sendo a expressão destes caracteres muito influenciados pelo clima, pelo manejo e pelas práticas culturais utilizadas.
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A temperatura, dos fatores climáticos, é o mais importante para a produção de cana-de-açúcar. A planta, geralmente, é tolerante a altas temperaturas, porém acima de 38ºC seu crescimento seria reduzido. Temperaturas mais baixas (menos de 20ºC), diminuem o crescimento dos colmos e promovem o acúmulo de sacarose.
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O rendimento econômico da cana-de-açúcar é dado pela produção de colmos industrializáveis, expressos em Toneladas de Cana por hectare (TCH) e Açúcar Total Recuperável por tonelada de cana (ATR/t) que representa a qualidade da cana, ou seja, a capacidade da cana-de-açúcar de ser transformada em açúcar ou etanol. A multiplicação desses indicadores expressa a tonelada de açúcares por hectare (TAH).
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A cana de primeiro ano pode ser classificada em 3 tipos: Cana de ano e meio (plantada de janeiro a abril), cana de ano (plantada de setembro a novembro) e cana de inverno (plantada de maio a julho)
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Após o primeiro corte, o canavial é classificado pelo número de cortes e denominado de cana-soca. A partir daí a época de colheita vai ser influenciada pela idade do canavial, maturação e aspectos varietais como o ciclo (ciclo precoce, ciclo médio e ciclo tardio)..
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85% do sistema radicular ativo até 60 cm de profundidade:
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A regiões aptas ao cultivo de cana-de-açúcar devem apresentar Tº média anual >20ºC e deficiência hídrica anual inferior a 200 mm. O consumo médio de água da cana-de-açúcar é de 3,2 mm/dia
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As condições ideias para maior acúmulo de sacarose na fase da maturação é: condições com ⇩ TºC (10 - 20ºC), ⇩ teor de água no solo, ⇧ luminosidade e ⇧ suprimento nutricional (principalmente K, P, Mg e B).
Exigência nutricional do canavial
N | P2O5 | K2O | Ca | Mg | S | B | Cu | Fe | Mn | Zn | |
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kg/100 ton | g/100 ton | ||||||||||
Colmos | 83,8 | 28,0 | 143,0 | 28,4 | 34,2 | 27,6 | 200,2 | 43,4 | 3.177,9 | 1.423,6 | 345,9 |
Restos vegetais | 62,0 | 27,3 | 111,1 | 58,3 | 12,8 | 11,1 | 233,0 | 43,8 | 119,2 | 1.073,1 | 236,3 |
Total | 145,8 | 55,3 | 254,1 | 86,7 | 47,0 | 38,7 | 433,2 | 87,2 | 3.297,0 | 2.496,7 | 582,2 |
Tabela de equivalência de unidades
meq 100 cm-3 cmolc dm-3 | mmolc dm-3 | mg dm-3 (ppm) | Elemento (kg ha-1) | Óxidos (kg ha-1) | Carbonatos (kg ha-1) |
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1 Ca | 10 | 200 | 400 | 560 (CaO) | 1.000 (CaCO3) |
1 Mg | 10 | 120 | 240 | 400 (MgO) | 840 (MgCO3) |
1 K | 10 | 400 | 800 | 960 (K2) | - |
1 Al | 10 | 90 | 180 | - | - |
1 P | - | 10 | 200 | 460 (P2O5) | - |
Papel dos nutrientes
Nitrogênio
O bom suprimento de N favorece o bom desenvolvimento do canavial, estimulando a brotação, o enraizamento e o desenvolvimento de perfilhos.
Fósforo
O fósforo faz parte das moléculas de ATP e ADP, participando, portanto, de todos os processos metabólicos que utilizam energia. O elemento também é constituinte de fosfolipídeos e moléculas de DNA e RNA, participando dos processos de divisão celular e transmissão dos caracteres genéticos.
Potássio
O potássio estimula a vegetação e o perfilhamento; aumenta o teor de carboidratos, óleos, lipídeos e proteínas; promove o armazenamento de açúcar e amido; regula a utilização da água e aumenta a resistência à seca, geada e moléstias.
Cálcio
O cálcio é de fundamental importância para o bom desenvolvimento do sistema radicular, pois é essencial para a formação da parede das células das raízes. Assim, a sua deficiência na solução do solo influencia o crescimento das raízes mais novas e em franco desenvolvimento, diminuindo a semipermeabilidade da parede celular, essencial à absorção de nutrientes.
Magnésio
O magnésio é um componente na clorofila e também de várias proteínas. É também ativador de um grande número de enzimas envolvidas no metabolismo de carboidratos, na síntese de ácidos nucleicos e enzimas que atuam sobre substratos fosforilados.
Enxofre
O enxofre é essencial para a síntese de aminoácidos, proteínas e vitaminas (por exemplo, biotina, tiamina e coenzima A). Grupos sulfidrilas (-SH), geralmente, são parte dos sítios ativos de moléculas de enzimas.
Os micronutrientes desempenham funções vitais no metabolismo das plantas, fazendo parte de compostos responsáveis por processos metabólicos e da ativação enzimática, atuando, assim, no crescimento, perfilhamento, resistência às doenças, qualidade e produtividade. O silício (Si) também se destaca por ser um elemento benéfico para a cultura, fortalecendo a estrutura celular e aumen- tando a resistência ao acamamento e ao ataque de pragas e patógenos (KORNdöRFER; PEREiRA; CAMARGO, 2002).
Boro
O B atua na complexação e transporte de carboidratos das folhas para os outros órgãos; na divisão, maturação e diferenciação celular; na lignificação da parede das células e na inibição da formação do amido pela combinação do B com o local ativo da fosforilase, o que impede a polimerização excessiva dos açúcares nos locais de síntese dos mesmos (SOBRAl; WEBER, 1983). Além de exercer importante papel no transporte e acúmulo de açúcares, o B atua no crescimento e formação de raízes, influenciando o perfilhamento da cana-de-açúcar.
Cobre
O Cu atua como ativador de diversas enzimas, tais como a fenolase, a lacase, a polifenoxolidase e outras. Atua também no processo da fotossíntese, apresentando papel importante no transporte eletrônico via plastocianina (Taiz; Zeiger, 2004). Outra importante função do Cu para a cana-de-açúcar é a resistência a doenças. Na planta, o Cu é considerado pouco móvel e, como consequência, os sintomas de deficiência ocorrem primeiramente nas folhas mais novas.
Ferro
O Fe atua principalmente no transporte de elétrons nas células sendo fundamental na síntese de clorofila, além de participar como ativador enzimático (SOBRAl; WEBER, 1983).
Manganês
O Mn participa na síntese de proteínas, multiplicação celular, fotossíntese e na ativação enzimática da cana-de-açúcar. Sua principal atuação é na respiração das plantas e na fotossíntese devido à sua participação em diversas reações no ciclo de Krebs (SOBRAl; WEBER, 1983).
Molibdênio
O Mo tem ação direta sobre as enzimas redutase do nitrato e nitrogenase, diretamente relacionadas ao metabolismo de nitrogênio, bem como na assimilação de N pela cana-de-açúcar (Sobral; Weber,1983; Orlando Filho; Rosseto; Casagrande, 2001). Dessa forma, a falta de Mo pode limitar a resposta da cana- de-açúcar ao nitrogênio, nutriente muito importante à produtividade e qualidade dessa cultura.
Níquel
O Ni é componente da urease e está diretamente relacionado ao metabolismo do N. Plantas deficientes em Ni podem acumular ureia e apresentar nas folhas novas manchas escuras e arredondadas, que podem se tornar necróticas com o aumento da severidade da defi- ciência (Levy 2013).
Zinco
Dentre os micronutrientes, o Zn tem sido o mais importante, pois a sua deficiência é frequentemente observada na cultura da cana-de-açúcar. Ele afeta diretamente o perfilhamento e o crescimento da planta, os quais são dois fatores fundamentais à produtividade da cana e, ainda, à longevidade das soqueiras. No metabolismo da planta, o Zn é essencial para a síntese do triptofano, que é o precursor do ácido indolacético (Aia), que irá formar as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular. Este micronutriente também está envolvido na ativação de diversas enzimas (Sobral; Weber, 1983; Orlando Filho; Rosseto; Casagrande, 2001; Taiz; Zeiger, 2004).
Deficiências Nutricionais
A falta de qualquer macro ou micronutriente no solo ou no adubo faz com que haja uma redução na produtividade da cana e, conseqüentemente, na de açúcar. Quando a deficiência nutricional é pronunciada, a planta revela sintomas típicos que são descritos na Tabela 1 (ANDERSON & BOWEN, 1992).
Ressalte-se que quando os sintomas aparecem, normalmente a produtividade já foi afetada economicamente. Para alguns nutrientes (por exemplo, cobre e zinco) a cana-de-açúcar apresenta o processo de “fome oculta”, ou seja, a deficiência não é suficiente grave para apresentar os sintomas, mas o é para reduzir
economicamente a produção.
(Fonte: ENCARTE DO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS – Nº 6 – SETEMBRO/94)
Estudos sobre respostas da cana-de-açúcar aos micronutrientes foram retomados por Mellis et al. (2009), onde avaliaram a resposta da cana-planta a B, Cu, Zn, Mn e Mo em uma rede de ensaios conduzidos em oito locais em importantes regiões produtoras de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo. Apesar de haver grande variação na amplitude de resposta da cana aos micronutrientes, o ganho médio de produtividade nesses experimentos foi de 17,6% na produção de colmos. Embora tenham sido observadas respostas positivas da cana-de-açúcar a todos os micronutrientes estudados, elas foram mais frequentes e intensas para o Zn e o Mo. Esses resultados demonstram a importância da aplicação de micronutrientes em cana-de-açúcar. Além disso, comparando os resultados obtidos nesse trabalho com os demais trabalhos encontrados na literatura, pode-se levantar a hipótese de que para alguns micronutrientes, como Zn, Cu e Mn, as doses recomendadas atualmente podem estar subestimadas.